RESENHA | Filhos de Sangue e Osso, de Tomi Adeyemi

Filhos de Sangue e Osso foi o primeiro livro que li esse ano. Escrito por Tomi Adeyemi, acho que podemos defini-lo como uma história de fantasia young adult com protagonismo negro. Nem amo, né?

Bom, no enredo temos a protagonista Zélie e um universo chamado Orisha, que é inspirado na África e nas religiões de matriz africana. Nesse universo, há muito tempo atrás, existia magia, porém ela foi extinta por um rei que odiava os Magi. A mãe de Zélie foi uma das magi mortas pela monarquia e por isso a jovem tem muita dor e revolta com a sociedade que vive. Ela mora com o pai e o irmão e convive também com uma sacerdotisa chamada Mama Agba, com quem ela faz alguns treinamentos.

A partir de um dado momento, Zélie inicia o que chamamos de jornada do herói e sai em uma missão com o objetivo de trazer de volta a magia para o mundo. Nessa missão ela segue com o irmão Tzain e a princesa, filha do rei de Orisha, Amari. Achei interessante o fato de o livro ser narrado em terceira pessoa, a partir da perspectiva desses três personagens. Acho que dessa forma conseguimos compreender melhor o universo que está sendo criado na obra e também os acontecimentos. Além dos três protagonistas, temos também o anti-herói, Inan, irmão de Amari e futuro rei de Orisha, que foi um dos personagens mais complexos da história, na minha opinião, pois ele tem diversos preconceitos que foram introjetados pelos discursos do pai, ao mesmo tempo ele tem a própria irmã que decidiu ficar do lado daqueles que ele pretende matar, e em certo momento ele também ouve a história de Zélie, que teve a mãe assassinada pelo rei. Então esse personagem tem muitos conflitos e algumas reviravoltas interessantes.

Eu amei o fato de ser um livro com protagonismo negro. Como fã de literatura fantástica, esse livro foi um deleite pra mim. Ter contato com tantos personagens negros, completamente diferentes uns dos outros e com inúmeras complexidades, histórias e personalidades… Foi maravilhoso e algo que eu vi pouquíssimas vezes na literatura. Tomi Adeyemi acertou em cheio na história, trazendo a cultura iorubá pro cento, protagonizando jovens negros e com narrativas que dialogam com as nossas próprias histórias, nosso passado e nosso presente.

O livro discute várias questões importantes, entre elas o colorismo, pois mesmo sendo um livro em que todos os personagens são negros, temos ali diferentes tonalidades de pele, onde a pele mais clara tem mais vantagens sociais e a mais escura sofre mais com as mazelas. Na obra, vemos isso na família real, que tem a pele clara, e a família da própria Zélie, que é retinta e está entre a população mais pobre. Então mesmo sendo uma obra de fantasia, conseguimos traçar paralelos com a realidade, porque a autora discute e nos faz refletir sobre o mundo a partir de várias metáforas. É uma leitura muito rica.

Super indico a leitura pra vocês. Eu amei o livro e não poderia ter iniciado o ano com leitura mais maravilhosa e enriquecedora do que esta. Adorei inclusive a caracterização dos personagens como negros de cabelos brancos. Acho que isso traz um tom mágico e ao mesmo tempo eu AMO usar lace platinada, me identifiquei muito com os personagens nesse aspecto também risos.


É isso, pessoal! Espero que tenham gostado da resenha e até a próxima.

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Um xêro!

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